Este ano, o toque geral tradicional dos sinos de Banyolesque acontece na véspera Festa Maior de Sant Martiriàpromete ser o mais proeminente do últimos anos. Às 19h15 de sexta-feira, 18 de outubro, todos os sinos dos dez campanários da cidade tocarão em uníssono, inundando Banyoles com este som milenar. Esta iniciativa, coordenada entre a Câmara Municipal e o Arcipreste de Banyoles, visa valorizar o património imaterial representado pelo som dos sinos, parte fundamental da paisagem sonora e cultural da cidade.
Segundo historiadores, Banyoles possui 18 sinos distribuídos em dez torres sineiras, entre as quais se destacam Santa Maria dels Turers, o Mosteiro de Sant Esteve, a igreja de Sant Pere, a Sagrada Família e outros. Estes sinos, pelo seu valor patrimonial, histórico, etnológico e musical, representam um elemento único da paisagem sonora da cidade. Esta será a primeira vez que todos eles tocarão simultaneamente durante a Festa Major. Alguns destes sinos, como o da igreja da Sagrada Família, que serve de sede ao Manipul de Manaies de Banyoles, tiveram de ser reabilitados especialmente para a ocasião.
Miquel Cuenca, Vereador da Cultura e Património da Câmara Municipal, destacou a importância da preservação deste som ancestral, afirmando que os sinos têm sido a banda sonora da vida em Banyoles ao longo da sua história. Albert Tubert, vereador que promove a declaração do toque dos sinos como Bem Cultural de Interesse Local (BCIL), sublinhou que esta tradição milenar é parte fundamental da identidade da cidade, especialmente o toque das horas de Santa Maria dels Turers, que permanece inalterada desde 1569.
O toque será feito manualmente em algumas torres sineiras, como o Mosteiro de Sant Esteve, o Asilo, o Sagrad Cor, El Remei, as Carmelitas e a Sagrada Família, enquanto em outras como Santa Maria dels Turers, Sant Pere e a Clínica Salus Infirmorum, isso será feito automaticamente. Em Sant Esteve e El Remei, os encarregados de tocar os sinos serão Gabriel Estragués e Sílvia Morera, alunos da Escola de Tocadores de Sinos Vall d’en Bas, dirigida pelo sineiro Xavier Pallàs, que aconselhou na organização de esta iniciativa
O som dos sinos, um património protegido
Este ato insere-se na declaração do som dos sinos de Banyoles como Bem Cultural de Interesse Local (BCIL), aprovada pela Câmara Municipal em 2021. A proteção deste património responde à preocupação com o desaparecimento de uma tradição que tinha tem sido fundamental na vida quotidiana das populações. No passado, cada evento tinha um toque de sino específico que a população sabia identificar, mas com o passar do tempo, a eletrificação e o surgimento de novos meios de comunicação tornaram esta prática relegada.
Proteger os sinos não é apenas uma prioridade local, mas também internacional. Em 2017, a Generalitat de Catalunya declarou o toque dos sinos como Elemento Patrimonial Festivo de Interesse Nacional e, em 2022, a UNESCO os reconheceu como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Um património com séculos de história
O primeiro documento que menciona os sinos de Banyoles data de 1265, e acredita-se que a sua utilização remonte a épocas muito anteriores. Os sinos serviam para anunciar tanto atos religiosos quanto eventos civis, com toques que a população pudesse identificar. Apesar da destruição sofrida durante a Guerra Civil, alguns sinos e seus toques sobreviveram até hoje, como o sino das horas de Santa Maria dels Turers.
Outro caso notável é o toque manual diário que se mantém no convento das Madres Carmelitas, única torre sineira da cidade onde ainda é tocado desta forma. Esta comunidade também mantém o toque do mau tempo, prática que quase desapareceu por todo o lado desde o início do século XX.
Com esta iniciativa, Banyoles não só celebra a sua Festa Major, mas também presta homenagem ao seu rico património sonoro, preservando e promovendo um elemento cultural que acompanha a sua história há séculos.