Claudio Zulian faz documentário sobre o cineasta Pere Portabella de Figueres

O o diretor Claudio Zulian presta homenagem ao cineasta catalão Pere Portabella (Figueiras1927) com o primeiro documentário dedicado à sua vida e obra. O projeto, intitulado ‘Portabella Constellation’, baseia-se numa extensa documentação audiovisual, bem como em diversas entrevistas com personalidades de diversos setores.

Zulian insiste que Portabella é uma pessoa muito influente “na cultura catalã e espanhola”. Ele também afirma que esteve “no centro” de todos os grandes movimentos dos anos sessenta e setenta. “Ele era uma espécie de gênio da vida social”, explica, “daquelas pessoas que sabem construir uma sociedade em torno de si e transformá-la em algo vital e fértil”.

Portabella é conhecida por ser uma das figuras mais consagradas da história do cinema estadual. Além de ser um dos promotores da Escola de Barcelona, ​​trabalhou como produtor de nomes emblemáticos como Carlos Saura, em ‘Los golfos’; Marco Ferreri, em ‘El Cochecito’; ou Luis Buñuel em ‘Viridiana’. Como realizador, assinou mais de vinte obras entre as quais ‘Vampir-Cuadecuc’, ‘El sopar’ ou ‘Relatório geral’, entre outras.

Apresentado pela primeira vez no Festival de Cinema de Veneza, ‘Portabella Constellation’ é o primeiro documentário dedicado à vida e obra do cineasta, produzido pelo realizador italiano radicado na Catalunha, Claudio Zulian. Este, a partir de diferentes intervenções, estabelece um diálogo com a sua extensa obra para rever, ao mesmo tempo, um amplo período de tempo que abrange a história de Espanha dos últimos setenta anos, desde o regime de Franco até aos dias de hoje. O documentário está programado para ser exibido na primavera de 2025.

Zulian conta que o processo de criação começou há cinco anos e que, mais do que uma dificuldade, foi uma “grande responsabilidade”. “Queria ser minucioso e preciso porque não só sinto uma grande admiração por Pere, mas também estava interessado em poder fazer um ensaio cinematográfico sobre um momento muito importante da história, do qual ainda ouvimos ecos”, aponta. fora. Na verdade, deixa claro que a vida de uma pessoa como Portabella daria por toda uma série.

O diretor descreve o protagonista do documentário como uma pessoa prolífica, que focou sua vida em dois grandes assuntos: cinema e política. Quanto à vertente cinematográfica, a sua obra surge num momento de efervescência cultural e política da luta antifranquista e, mais tarde, da democracia, facto que o levou a fazer cinema mais experimental. Explica também que sempre esteve ligado à política, primeiro a partir de suas criações, e depois como aspecto principal: foi eleito senador das Cortes Constituintes espanholas, e sua assinatura está presente na Constituição de 1978.

Para além do seu trabalho, como pessoa Zulian afirma que sempre abraçou a “modernidade” e a “contemporaneidade”, característica que considera comum a todos aqueles que se dedicam a este tipo de arte. “Há sempre uma abertura para o futuro e considero que num momento como este, onde tudo o que se vislumbra é negativo, manter esta atitude é mais importante do que nunca”, afirma, “Pere lembra sempre que a nossa tarefa é manter o tempo do presente aberto a um futuro em que as coisas mudem”.

O documentário chega ao Seminci nesta sexta-feira na seção Memória e Utopia. A memória é justamente o que o diretor pretende salvaguardar através do documentário. “As gerações atuais estão longe das décadas de 1960 e 1970 e acho importante aproximá-las da época. Trazer-lhes esta herança intelectual, política, artística e cinematográfica”, conclui. Ao mesmo tempo, o diretor lembra que não parou de trabalhar em outros projetos, especificamente tem em mãos duas produções ficcionais que em breve verão a luz do dia.

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